Um Ano Atípico

É do conhecimento geral que a COVID-19 veio transfigurar a nossa realidade sobre o Mundo e claramente irá “viver” connosco durante mais alguns anos (espero que poucos).

Efetivamente, nem nós, os estudantes universitários conseguimos escapar às “garras” deste vírus cruel e, por isso, tivemos algumas dificuldades acrescidas no percurso académico, principalmente os alunos do primeiro ano que, tal como eu, ingressaram o ano passado na universidade.

Perguntam-me vocês agora, “Quais foram as maiores adversidades que os caloiros enfrentaram?“Porque é que esta “louca” pandemia foi mais severa para aqueles que entraram pela primeira vez na universidade?” Passo a elucidar-vos.

Na minha opinião, o mais difícil de gerir foi o processo de adaptação e a criação de novas amizades, visto que a interação entre caloiros e mesmo entre os caloiros e os doutores foi gravemente afetada e, por conseguinte, a entrada nesta nova fase da minha vida foi bastante diferente daquilo que ansiava. Como exemplo, a tão conhecida praxe académica da UC não se realizou, o que de facto penalizou imenso muitos estudantes do meu ano, uma vez que este evento aproximava todos os alunos do curso e permitia uma interação mais próxima entre todos.

Do mesmo modo, o uso de máscaras e o distanciamento social influenciaram esta avalanche de complicações no sentido em que também não tornaram nada fácil a comunicação com os pares. Como exemplo, sempre que me encontro com um colega temos de estar de máscara e cumprir o distanciamento recomendado, o que acaba por não só estragar o momento, como também diminui a nossa cumplicidade e funciona como uma barreira à criação de laços mais fortes.

Logicamente que as aulas também foram dadas de forma diferente (online) e isso acabou por afastar alguns alunos da universidade e acentuar mais a dificuldade de convivência. Não obstante, estas afetaram também a minha aprendizagem, visto que estar a ver um professor através de um ecrã em vez de o ver “ao vivo” não é a mesma coisa, tudo muda. Eu distraía-me muito mais durante uma aula dada de forma remota do que numa aula presencial e não tinha a mesma motivação para prestar atenção à aula, o que honestamente afetou o meu desempenho.

Tenho consciência que esta situação foi difícil para todos, mas, a meu ver, foram os caloiros os mais prejudicados. Peço que reflitam comigo: os caloiros nunca estão preparados para o choque que é entrar para a universidade, a quantidade de trabalhos, de frequências e toda a carga submetida é enorme, e ainda tinha de vir uma pandemia para ser a cereja no topo do bolo. Já para não falar que o primeiro ano tem o objetivo de dar a conhecer os novos colegas e isso, como já referi anteriormente, também foi muito dificultado.

Em jeito de conclusão, não quero deixar de referir que como caloira, senti necessidade de partilhar convosco a minha experiência e espero ter representado aqui a maioria dos caloiros de 2020 que vivenciaram também esta grande aventura. Decerto que o mais importante disto tudo é não desistir dos nossos objetivos e focar-nos no que realmente queremos e pensar que tudo vai melhorar. Sei que vivemos num período único que talvez seja recordado nos livros de história como “Uma das Maiores Pandemias”, no entanto, eu irei recordá-lo como “Os Loucos Anos 20”.

Sofia Carvão

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