Burnout

Um estudo recentemente apresentado pelo professor João Marôco do Instituto Superior de Psicologia Aplicada aponta que mais de metade dos estudantes do ensino superior em Portugal encontram-se em “burnout”, destacando-se os estudantes de ciências biológicas como os que mais frequentemente apresentam sintomas característicos desta condição. O termo “burnout” refere-se ao grau de exaustão (física e emocional) resultante de uma exposição prolongada a fatores stressantes, que muitas vezes conduzem a um desgaste geral incompatível com a continuidade das funções desempenhadas.

É fácil de perceber o porquê de os estudantes portugueses apresentarem níveis de desgaste tão elevados, uma vez que têm de balancear o seu horário letivo com a imensidão de trabalhos para apresentar, artigos para escrever, exames para estudar e restante vida pessoal, juntando a isto o facto de uma grande parte serem estudantes deslocados. O que eu não acho tão fácil de perceber é por que razão os estudantes, ou pelo menos eu em particular, se devem sentir culpados por tirarem algum tempo para si mesmos e fazerem o que gostam ou por dormirem pelo período de tempo recomendado para um estilo de vida saudável. Pois é esse o sentimento que eu tenho, como se não me pudesse dar ao luxo de parar para descansar ou desanuviar sem conseguir esquecer as tarefas todas por fazer a acumular.

O cansaço dos estudantes vai muito para além da incapacidade física, muitas vezes leva ao descrédito das suas capacidades, à baixa produtividade e ao questionar da sua posição no curso frequentado. Aliando isto à conjuntura sócio-económica de Portugal, que constantemente empurra os jovens qualificados para fora do país, acredito que os estudantes repensem na utilidade dos seus estudos, sendo também responsável por muitas das desistências dos percursos académicos.

Agora, enquanto estudante de mestrado, já não são só os finais de semestre que me fazem desesperar e já não é janeiro o mês mais temido, todas as semanas são críticas e todas as semanas há avaliações. E se por um lado a pressão funciona como combustível para a engrenagem, também nos consome e nos faz sentir incapazes.

Talvez seja importante reconsiderar a metodologia de ensino e avaliação nas universidades e politécnicos portugueses, para que funcione realmente como uma ferramenta de aprendizagem e aquisição de conhecimentos e não apenas como uma imposição de factos decorados.

Diana Santiago

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