Scenery – Ryo Fukui

Ryo Fukui foi um célebre pianista japonês, nascido em Biratori, Hokkaido, Japão, a 1 de junho de 1948. Aos 22 anos, começou a aprender piano sozinho, e decidiu mudar-se para Tóquio pouco tempo depois. Já em Tóquio, conheceu Hidehiko Matsumoto, um saxofonista de renome, o qual acabou por se tornar um dos pilares e uma das maiores inspirações para a carreira musical de Ryo.

Apesar de recorrentemente desmotivado pela sua aparente falta de progresso no instrumento, Ryo Fukui lançou o seu primeiro álbum apenas 6 anos após se ter mudado para Tóquio, em 1976, sendo este intitulado Scenery.

Em simultâneo, do outro lado do Pacífico, com a morte de John Coltrane, o panorama do jazz tinha mudado nos E.U.A., sendo influenciado por novas e refrescantes correntes musicais, como o rock, o funk, entre outros. Estes géneros musicais condensaram-se naquilo que iria ficar conhecido como, Jazz Fusion, ou simplesmente, Fusion. Este novo subgénero musical trouxe uma lufada de ar fresco a um género saturado, tendo até inspirado grandes nomes do jazz, como Miles Davis em Bitches Brew, em 1970, ou Chick Corea em Return to Forever, em 1972.

Assim sendo, é seguro dizer que o jazz franco e emotivo que nos é apresentado em Scenery não podia ter sido lançado em pior altura. Tal como poderiam especular, o álbum não teria uma grande afluência fora do Japão, não sendo disputa para o som irreverente e caótico da época. No entanto, o que tornou este álbum num clássico apreciado mundial tantos anos após o seu lançamento, é a sua entrega total a um jazz frontal e confidente.

Desde o início do álbum, Ryo Fukui deixa claro que Scenery não é nada mais, nem nada menos do que uma jornada. Não tenta grandiosas proezas, ou transcendentes atos que desafiam as confeções da época, Scenery é meramente um homem e o seu piano confidente. E talvez seja isso que atrai tantos para este álbum, o caloroso piano de Ryo, suportado pela bateria de Yoshinori Fukui e pelo baixo de Satoshi Denpo, os 3 vão-se contrabalançando e trocando solos, fazendo com que todo o álbum respire e floresça perante os nossos olhos.

Constituído de 6 músicas, das quais só uma, Scenery, composta por Ryo Fukui, este álbum é uma celebração do jazz no seu estado mais puro, com a sua performance despida de quaisquer instrumentos “desnecessários”, tornando-se visceral, quase hipnótica. E por isto e muito mais, incito-vos a ir ouvir Scenery de Ryo Fukui.

Miguel Mota

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