Técnica de Modulação Eletrónica permite controlar a Diabetes Tipo 2

Os corpos carotídeos são quimiorecetores arteriais sensíveis a alterações dos níveis arteriais de oxigénio, dióxido de carbono e pH localizados na bifurcação da artéria carótida. Através do nervo seio carotídeo, o sistema nervoso simpático é ativado para regular a pressão sanguínea e a atividade cardíaca. Deste modo, quando há uma diminuição da quantidade de oxigénio no sangue, por exemplo quando se sobe a uma montanha de elevada altitude, o corpo carotídeo é ativado levando a um aumento da frequência respiratória para repor a quantidade de oxigénio no sangue.

Muito recentemente, uma equipa de investigadores liderada por Sílvia Conde do Centro de Estudos de Doenças Crónicas da Faculdade de Ciências Médicas da Universidade Nova de Lisboa, demonstrou que o corpo carotídeo é também um sensor metabólico, responsável por várias funções fisiológicas, nomeadamente o controlo da forma como o nosso corpo responde à insulina. Em modelos animais com diabetes do tipo 2, a abolição da atividade do corpo carotídeo através da excisão cirúrgica do nervo seio carotídeo permite a restauração da sensibilidade à insulina e tolerância à glucose. Adicionalmente, verificaram que nos mesmos animais, o corpo carotídeo está mais ativado em comparação com animais controlo.

Este procedimento experimental tem efeitos colaterais, visto que o corpo carotídeo desempenha outras funções no nosso organismo. Desta forma, a equipa de investigadores tentou desenhar uma solução alternativa para a modulação do mesmo.

A medicina bioeletrónica tem vindo a emergir como uma potencial terapia alternativa, permitindo a deteção precisa e a modulação de padrões de sinalização no sistema nervoso periférico através de da implantação de um elétrodos  que permite intervir no nervo do seio carotídeo. Neste caso, os animais foram implantados com elétrodos no nervo do seio carotídeo dos animais, o que permitiu a modulação elétrica do mesmo. Consequentemente, há o controlo glicémico através de um processo reversível, sem os efeitos adversos da abolição total da atividade do órgão. Uma vez que as terapias disponíveis para as doenças metabólicas, como o caso da Diabetes do tipo 2, não promovem um controlo a longo prazo, esta abordagem aparenta ser uma boa solução. De facto, a medicina bioeletrónica é pouco invasiva e não interfere com o dia-a-dia dos pacientes.

Deste modo, os autores deste estudo demonstraram que com a modulação do nervo seio carotídeo recorrendo à medicina bioelétrica é possível controlar os níveis glicémicos e que o processo é reversível, sem qualquer efeito adverso. Estes estudos permitiram, assim, abrir portas para uma potencial terapia da Diabetes do tipo 2, bem como outras doenças metabólicas.

Referência:

https://link.springer.com/article/10. 1007%2Fs00125-017-4533-7-017-4533-7

 

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